segunda-feira, 11 de março de 2013

Estágios do desenvolvimento infantil de Jean Piaget

De acordo com Piaget, o desenvolvimento cognitivo é um processo de sucessivas mudanças qualitativas e quantitativas das estruturas cognitivas derivando cada estrutura de estruturas precedentes. Ou seja, o indivíduo constrói e reconstrói continuamente as estruturas que o tornam cada vez mais apto ao equilíbrio.
Essas construções seguem um padrão denominado por Piaget de estágios que seguem idades mais ou menos determinadas. Todavia, o importante é a ordem dos estágios e não a idade de aparição destes.
Cada estágio caracteriza a aquisição de novas formas de agir e pensar, mais adequadas para a adaptação do indivíduo ao meio. Os estágios sucedem-se em uma ordem fixa, porém as idades atribuídas ao aparecimento de cada estágio não são rígidas, havendo grande variação individual. Além disso, cada estágio é sempre integrado ao seguinte, ou seja, as aquisições ocorridas em um período constituem pré-requisitos para a passagem a outro estágio de desenvolvimento.
Os estágios ou períodos de desenvolvimento definidos por Piaget são:

1. Período Sensório-motor (0 a 2 anos) - O desenvolvimento cognitivo inicia-se a partir dos reflexos (comportamentos inatos) os quais que se transformam em esquemas de ação (chupar, olhar, pegar, puxar, balançar, etc.). Por exemplo: o reflexo inato de sugar o seio assimila novos elementos do meio (o dedo, a mamadeira, a roupa) e, ao mesmo tempo, vai sendo transformado nessa interação com o mundo (processo de acomodação), pois sugar o seio é diferente de sugar outros objetos. Esse período inicia-se ao nascimento e vai até por volta dos dois anos de idade. Nesse momento do desenvolvimento, a criança baseia-se exclusivamente em percepções sensoriais, em ações motoras para resolver problemas e conhecer o mundo (olhar, ouvir, cheirar, tocar, chupar, morder, pegar, puxar, jogar, engatinhar, andar, entre outros). A construção de esquemas cada vez mais complexos possibilita o aparecimento da função simbólica - capacidade de representar eventos - a qual será gradualmente construída ao longo do segundo ano de vida. Algumas noções importantes começam a ser construídas, como a noção de espaço, tempo e causalidade.


2. Período Pré-operatório (2 a 6 anos) - O principal progresso desse período é o desenvolvimento da função simbólica, o que altera drasticamente a maneira como a criança resolve seus problemas no meio. A criança começa a usar símbolos mentais – imagens ou palavras – para representar objetos que não estão presentes. É então capaz de libertar-se do universo restrito do aqui-e-agora, pois adquiriu a capacidade de representar eventos, de evocar o passado e de referir-se ao futuro. O desenvolvimento da fala é também significativo: se aos dois anos a criança possuía um vocabulário de 270 palavras, já aos três anos possui um vocabulário de cerca de 1.000 palavras. A inteligência é caracterizada, portanto, pela capacidade de a criança realizar ações mentais, porém essas são diferentes daquelas do indivíduo adulto. A capacidade de raciocinar da criança ainda é pré-lógica, pois ela toma como base a sua própria experiência para explicar fatos da realidade, por isso o pensamento pré-operatório recebe o nome de pensamento egocêntrico. A criança nessa idade tem dificuldade para julgar e entender a vida cotidiana a partir de princípios gerais.
A percepção que a criança tem dos eventos e dos objetos determina o raciocínio que faz sobre eles. Por exemplo: pode achar que ficou noite porque o sol foi dormir; considera justa a partilha de um refrigerante com o irmão se o líquido ficar em altura igual nos dois copos, independentemente do formato do copo.


3. Período Operatório-concreto (7 a 11 anos) - No final do período pré-operatório, após sucessivas equilibrações, é que a inteligência infantil se torna apta a realizar operações intelectuais (uso do pensamento lógico e objetivo). No período anterior, a criança não era capaz de perceber que é possível retornar mentalmente ao ponto de partida de uma ação que fora realizada. Por exemplo, se lhe fosse pedido para colocar três laranjas em um monte e depois lhe fosse pedido para retirar as três laranjas do monte, a criança não seria capaz de perceber que o número de laranjas ficou o mesmo. Essa forma de operação mental chama-se reversibilidade, e o pensamento operatório é reversível, ou seja, o sujeito pode retornar, mentalmente, ao ponto de partida. A criança opera quando é capaz de compreender que, se uma porção de argila é utilizada para fazer uma bola, e, em seguida, a bola for transformada em uma salsicha, a quantidade de argila utilizada é a mesma. A reversibilidade é uma característica do pensamento lógico, a qual possibilita a construção de noções de conservação de massa, volume, etc.
Nesse momento, a fantasia e a realidade não mais se misturam no pensamento da criança, e ela é capaz de operar mentalmente (com lógica) através da manipulação de objetos concretos. Os esquemas cognitivos do indivíduo são ferramentas que ainda dependem de dados empíricos.

4. Período Operatório-formal (12 a 16 anos) - A principal característica da etapa operatório-formal é que o pensamento se torna livre das limitações da realidade concreta. O adolescente é capaz de realizar problemas matemáticos sem manipular objetos, ou seja, é capaz de raciocinar abstratamente e de refletir sobre situações hipotéticas de maneira lógica. Ele organiza os dados da experiência em relações lógicas e começa a questionar a realidade formulando hipóteses e possibilidades para solucionar problemas cotidianos.
De acordo com Cunha (2000), é nessa fase que o jovem imagina sociedades alternativas e sistemas filosóficos alternativos, visto que: “Abre-se, para a pessoa, todo um horizonte novo de perspectivas de vida e de transformação, de si mesmo e do mundo, realidade que ele agora começa a dominar por meio de recursos intelectuais mais avançados.” (CUNHA, 2000, p.91).
A tabela abaixo mostra as palavras-chave que definem as diferentes etapas do desenvolvimento da inteligência segundo Piaget:

 

Referências
CUNHA, M.V. Psicologia da Educação. São Paulo: DP&A, 2000.

OBS.: O texto acima é parte do artigo disposto no Curso de Psicologia da Aprendizagem (que eu estou fazendo) do site: Prime Cursos. As imagens são retiradas da Internet.

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